terça-feira, 1 de setembro de 2015

Viajar obriga-nos a sair da concha



Viajar obriga-nos a sair da concha em que vivemos todos os dias. Conhecemos-lhe todos os cantos, a cor e o cheiro. Sentimo-nos confortáveis dentro dela, mas por vezes tentamos espreguiçar-nos e não temos espaço para esticar bem os braços. Quando essa concha abre, todo um mundo novo surge à nossa volta.
Embora o entusiasmo que normalmente antecede o planeamento de cada viagem estivesse um pouco apagado desta vez, ao longo dos dias em que estive pela Polónia tentei lembrar-me sempre de alguns dos meus versos preferidos:

(…)
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
(…)
(“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa)

Calcorreámos a Polónia e percebemos que por aqueles lados, as marcas deixadas pelo Bloco de Leste convivem de forma harmoniosa com uma sociedade muito ocidentalizada, claramente europeia. Também percebemos que a religiosidade, sempre presente, dá uma certa personalidade àquele país entalado entre várias religiões, que as baixas temperaturas que se sentem no Inverno ditam uma certa forma de comer, que além de um país, a Polónia é uma ponte de passagem para outro mundo, tal é a diversidade de matrículas que se cruzam com a nossa. Percebemos acima de tudo que aquele é um povo de força e coragem, que teve uma enorme capacidade de renascer das cinzas e de se reconstruir.

Depois Berlim, uma cidade que não conhecia e à qual é urgente voltar. A diversidade de culturas, a omnipresença de tantos movimentos artísticos e a calma com que se vive naquela cidade despertaram-me sensações que não conhecia. Quero conhecer mais, muito mais!














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