quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Sicília (parte I)

Vou contar um pouco da nossa recente viagem, mas terá que ser por partes!

A escolha da Sicília como destino de viagem foi mais ou menos consensual. Cá em casa há sempre um que puxa para a civilização e outro que puxa para a aventura (eu!).

Naquela zona de Itália atraíam-me as heranças históricas de tantas civilizações que por lá passaram, o dolce far niente muito mais notório do que em qualquer outra região italiana, a temperatura da água e a comida, por ser resultado de tantas confluências.

O calor intenso e seco que senti ao sair pela porta do avião, deixou-me incapaz de apreciar aquela terra cor de terra e de ver qualquer tipo de beleza na paisagem quase desértica.

Daquele dia guardo a imagem aterradora do único pôr-do-sol sobre o mar que vi na Sicília (assisti a todos os outros no outro lado da ilha), o sabor de uma gelado gigante habilmente acomodado num brioche igualmente grande e as memórias de uma pasta con le sarde, que não esquecerei tão cedo.

Em Palermo percorremos o mercado, enquanto os meus olhos saltitavam de banca em banca, dos legumes, para as frutas, dos peixes para as ervas... Aquilo era a verdadeira Sicília. Teria sido óptimo ter um local onde pudesse confeccionar todos os ingredientes que por ali encontrava, muitos deles completamente desconhecidos. Comprámos figos-da-índia e só depois percebemos que essa será por ventura a fruta mais vulgar por aquelas paragens.

A primeira ida à praia não deixou boas recordações. Debaixo de um sol abrasador, teria sabido bem que a água fosse fresca, mas não, estava quase tão quente como o ar. O areal era surpreendemente sujo e muito mais pequeno do que imaginara. Talvez as outras fossem diferentes, pensei eu!

Olhei para a gradiosidade do Vale dos Templos com a visão deturpada pela imagem de Agrigento. Por certo, quando os gregos ali estiveram, não existia uma cidade tão pouco atraente nas proximidades. Abstraindo-me disso, fico na dúvida se é o misticismo do vale que torna os templos tão fantásticos, ou se são estes que tornam o vale tão místico.

Não sairíamos da Sicília tão cedo, mas não sabíamos disso.











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